domingo, 3 de julho de 2016

solidões da memória - notícias e impressões de leitura - XII

Recebi do jornalista Luiz Henrique Gurgel, amigo que muito prezo, estas apreciações de leitura do meu livro solidões da memória. Pelo seu inquestionável valor crítico, não resisto em deixá-las aqui registradas com a possibilidade de partilha com o leitor. Assim, o livrinho segue a ganhar corpo e análise estética. Feliz. (dtv) 

"Nem sei ao certo quanto tempo faz que carrego essas anotações comigo, esperando a hora de vir passá-las numa mensagem e enviar a você. Esperar horas de alguma tranquilidade para isso é uma grande besteira, elas nunca vêm. Na verdade queria era dizer mais e por isso fui deixando as palavras rascunhadas em folhas soltas dentro do livro, imaginando a hora em que pudesse fazer um registro mais consistente, com impressões ainda mais significativas. A começar pelo título e pela epígrafe de Raul Bopp. O título é tão condizente, tão harmônico, perfeito para coisas vivas que ao mesmo tempo estão perdidas, guardadas, recobertas, escondidas, voluntária ou involuntariamente ‘embaúsadas’, sozinhas. Na verdade as três epígrafes são fortes, significativas e cumprem tão bem o papel de alertar o leitor para o que vai achar e percorrer nas páginas que virão. Saio dessa leitura – cheia de idas e vindas, de retornos ao livro – com impressões muito marcantes, marcadas (e falo, mesmo, de algo impresso no meu ser, por mais etéreo e fluido e ondulante e impreciso, mais ou menos como as próprias impressões da memória). O mais fascinante é acompanhar a trajetória das suas sensações, dos possíveis movimentos internos e próprios ao ser Dalila e, fundamentalmente, à poeta Dalila que transformou esses embates internos, irrequietos, mesmo quando pareçam estar adormecidos – e não creio que tenha sido o caso – em versos. Também é inevitável, na visita que o leitor faz, quase um voyeur nas perscrutações da poeta, carregadas de imagens referenciais, trazidas no bojo dos verso e também pelas fotos que os ilustram, desejar visitar a Madeira, o Funchal, como a ter esperança (ilusória) de respirar as mesmas sensações. Claro, isso é impossível e vão, no máximo podemos querer nos enganar (mas o livro instiga a essa tentação). E talvez pudesse ser frustrante a alguém que se dispusesse a tal coisa, pois a viagem, a rica viagem, está exatamente em percorrer os versos e aí, sim, impregnar-se daquelas imagens e sensações que somente eles foram capazes de nos proporcionar, a nós felizes leitores. Um grande abraço, Luiz Henrique Gurgel"




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